Startups gaúchas se mobilizam em ajuda à população do RS

Get Commerce, Sirros IoT e Agidesk são exemplos de startups da região que promoveram campanhas de doações e trabalhos voluntários.
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Startups gaúchas população RS

Em meio a maior tragédia climática da história do RS, startups gaúchas se mobilizam em ajuda à população do RS – Após mais de um mês do início da pior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, moradores da região ainda sofrem com os impactos das chuvas intensas que atingiram 80% dos municípios, bem como das enxurradas provocadas pelo transbordamentos dos rios. A situação dramática é vivenciada e acompanhada de perto por muitas das startups locais que, apesar de suas próprias dificuldades, reúnem forças e promovem ações em prol da população gaúcha.

Sediada no Parque de Inovação, Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, a Get Commerce, plataforma de e-commerce e lojas virtuais, promoveu uma campanha com o objetivo de ajudar as pessoas desabrigadas e levantou, com o apoio de alguns parceiros, mais de R$ 30 mil. Com o valor, foram comprados kits de higiene, cestas básicas, água mineral e cobertores doados para a comunidade da região.

“Neste cenário de calamidade total, acreditamos que o papel das startups é manter-se em primeiro lugar funcionando e buscando alternativas para continuar mantendo um fluxo de receitas e o seu time de funcionários. Em segundo lugar, é preciso usar os recursos e network para agilizar e ajudar em soluções pontuais, que demandam resposta rápida”, comenta um dos fundadores e CEO da Get Commerce, José Augusto Arnuti Aita.

Devido ao alagamento geral da estrutura da UFSM e do Parque Tecnológico, a Get Commerce, mesmo não tendo danos materiais ou em equipamentos, passou duas semanas sem acesso às suas salas de trabalho. Em relação aos clientes, a empresa lida com inúmeras situações de parceiros que perderam tudo (estoques, máquinas, a loja em si, etc.). Para evitar o cancelamento de contratos, a Get Commerce está oferecendo, para quem foi atingido, bonificações nas mensalidades e ajudando nas operações com a sua própria equipe.

Outra ação planejada pela startup é buscar parceiros que os ajudem a levantar recursos, com a missão de fornecer a solução de venda online para empresas que perderam tudo. O foco é fazer esses negócios retomarem mais rapidamente ao mercado, sem a necessidade do ponto físico.

Trabalho voluntário: Startups gaúchas e a população do RS 

Como forma de apoiar a população atingida pelas enchentes, a Sirros IoT, startup especializada em soluções IoT para a indústria 4.0, liberou todo o seu time nos primeiros dias para realizar trabalhos voluntários nos abrigos, arrecadando donativos, limpando casas e desenvolvendo aplicações que pudessem ajudar na situação. A companhia estima que 85% de sua força de trabalho estava envolvida em algum tipo de ação de auxílio.

Paralelamente, a Sirros IoT realizou doações diretas em espécie via Pix, além de donativos como alimentos, produtos de limpeza e logística de materiais. “Tivemos membros da equipe afetados que perderam suas casas ou que tiveram familiares diretamente impactados. Operacionalmente, conseguimos contornar a situação com colaboradores cobrindo os que estão afastados e também graças à compreensão dos nossos clientes. Alguns destes parceiros até estão em férias coletivas para tentar apoiar sua equipe, enquanto outros tiveram as fábricas e máquinas submersas por vários dias”, explica o cofundador e COO da startup, Diego Schlindwein.

“Acredito que estamos diante de uma tragédia sem precedentes, com impactos humanos e econômicos ainda não mensuráveis. É importante que o restante do país apoie nosso estado e não deixe de comprar ou se relacionar com empresas gaúchas. Neste momento, isso é essencial para diminuir os impactos, garantindo a renda de todas as pessoas afetadas”, complementa.

Doações e ajuda da tecnologia

Embora originalmente sediada no Rio Grande do Sul, a Agidesk, empresa de base tecnológica e com modelo de trabalho remote first, não sofreu impactos diretos em suas operações. Neste momento, a startup está empenhada em apoiar as famílias dos colaboradores afetados, que perderam todos os seus bens.

Para isso, a Agidesk divulgou um Pix de arrecadação (sosrs@agidesk.com.br) para direcionar recursos às famílias afetadas e utilizará fundos próprios com essa finalidade. Além disso, também está apoiando iniciativas já existentes, como a do “Abrigos POA”, que através da união de diversas empresas e outros agentes da área de tecnologia construíram um aplicativo para organizar as doações.

“Cedemos o uso de nossa plataforma para que os envolvidos no projeto possam organizar as demandas de atendimento relativas ao desenvolvimento do app. Esse é um momento crítico e o povo brasileiro novamente mostra a sua grandeza e solidariedade, estamos todos unidos por uma bandeira e propósito. O estado está recebendo apoio de vários tipos, e através da união público e privado, tenho certeza de que reconstruiremos o nosso estado, e sairemos ainda mais fortes”, declara Veridiana Cavalheiro, CEO da Agidesk.

Startups gaúchas: impactos ao ecossistema de inovação na população do RS 

Além de todas as pessoas que perderam a vida e suas casas, outra preocupação é como a população fará para garantir a subsistência, já que muitos tiveram seus negócios ou ambientes de trabalho prejudicados. De acordo com dados do Sebrae-RS, estima-se que cerca de 600 mil micro e pequenas empresas tenham sido afetadas diretamente pelas fortes chuvas da região.

O líder da Get Commerce acredita que o ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul também será muito comprometido daqui em diante, pois uma grande parte das empresas da região, em especial as pequenas e médias, perderam tudo. “Isso reduz muito a capacidade de investimento delas, e com isso falta interesse em buscar novas soluções. Neste momento, percebemos que a ideia de crescer o negócio fica totalmente de lado, e os empresários pensam em como será possível reerguer tudo”, explica José Augusto.

Esse sinal de alerta é por conta do estado ter em torno de 1,4 mil empresas de base tecnológica, sendo que 65% são de Porto Alegre e região metropolitana, segundo a Associação Gaúcha de Startups (AGS). Para agravar ainda mais a situação, o Instituto Caldeira, maior hub de inovação do estado, ficou semanas submerso pela água.

Para o cofundador da Sirros IoT, o impacto no ambiente de inovação de Porto Alegre será gigantesco, no entanto, todos estão unidos para reerguer e voltar mais fortes, com diversas ações em andamento em apoio às empresas afetadas. “Participo de diversos grupos ligados a startups e tecnologia que vêm se organizando desde o primeiro dia em várias frentes, trazendo donativos de fora do estado e desenvolvendo soluções tecnológicas, como um sistema de pedido de donativos que os abrigos estão utilizando, um sistema de reconhecimento facial para localização de pets, e um sistema de controle e busca de pessoas desaparecidas, entre outros”, afirma Schlindwein.

“Vejo que o papel das startups gaúchas é o mesmo de todos os cidadãos, que é unir forças em prol da reconstrução da região. Claro, cada um atuando dentro daquilo que pode atuar, seja contribuindo com tecnologia, serviços ou outras formas de apoio. Agora, precisamos da união de forças do setor público e privado para a elaboração de projetos contundentes e que além de reconstruir, comportem a nova realidade, na qual não podemos mais ignorar questões prementes como a do respeito ao meio ambiente”, enfatiza Veridiana.

Já Orlando Cintra, fundador e CEO do BR Angels, associação nacional de investimento-anjo que investiu na Get Commerce, Sirros IoT e Agidesk, acredita que as startups são fundamentais para o fomento de iniciativas focadas na reconstrução das cidades, assim como de apoio às empresas e ao ecossistema de negócios como um todo.

“Com a sua inerente agilidade, criatividade e propensão para assumir riscos, as startups ocupam uma posição significativa no panorama da inovação, que impulsiona a reconstrução de realidades. Dessa forma, essas empresas contribuem cada vez mais para a economia local, assim como para a global, criando empregos, trazendo soluções disruptivas e abrindo novos mercados. Temos orgulho de ter no nosso portfólio de investimentos startups gaúchas engajadas e comprometidas com um futuro melhor”, conclui Cintra.

 

Startups gaúchas população RS

Segundo a ABRASORVETE, 73,7% dos empresários precisam contratar para áreas que vão da logística ao atendimento e chão de fábrica. Situação é crítica pois setor está com demanda aquecida desde o ano passado.