Pix Parcelado é um formato de crédito pessoal que paga à vista o vendedor, mas que parcela o valor com juros ao banco. “O cliente precisa ter em mente que, nesse tipo de transação, está firmando uma relação com a instituição financeira”, afirma o diretor da ABFintechs, Marcelo Martins.
“Não é um serviço gratuito — embora o Pix seja; e a relação de crédito existe entre a instituição e o cliente, sendo o Pix apenas uma ferramenta de marketing”, completa Martins.
Marcos Zanini, CEO da empresa de segurança digital Dynamo Networks, explica que o Pix Parcelado não é uma ferramenta oficial regulamentada pelo Banco Central, “mas que pode ser adotada pelos bancos e fintechs, como já ocorreu com o Santander, Mercado Pago e Pic Pay”.
Para utilizar o crédito, é preciso ser correntista. Os clientes têm a possibilidade de parcelar valores em 12, 24 ou até 60 vezes — em alguns casos, os juros mensais variam conforme o perfil do contratante.
Cada instituição tem sua regra: os valores são parcelados via cartão de crédito, mas há casos em que são debitados diretamente na conta do correntista.
O Pix parcelado é permitir ao consumidor, sem saldo suficiente em conta, efetuar um pagamento ou transferência. E mais: contrair crédito, caso queira.
O Banco Central incentiva a prática de livre mercado e novos produtos, porém não tem a ver com a agenda de inovação. “São coisas diferentes. Os bancos e fintechs viram uma oportunidade de negócio e estão comercializando seus produtos”, afirma.
Com o Pix, os intermediários entre as contas deixam de ser necessários. No Pix Parcelado a lógica é a mesma, com o cliente mantendo relacionamento com a instituição. Feito o Pix, não há ligação com o lojista ou com a bandeira de cartão.
Banco Central abrirá Pix Garantido
O BC, no entanto, estrutura em breve o lançamento de um produto semelhante ao Pix Parcelado, cujo nome será Pix Garantido. “O produto Pix Garantido, que permite o parcelamento de transações no Pix, ainda não foi lançado pelo BC e não há previsão de lançamento. Nada impede que os bancos, desde já, ofertem crédito aos seus clientes para utilização em pagamentos via Pix. É um produto de cada banco”, afirmou, por nota, o BC.
A promessa é de que a ferramenta da autoridade monetária permita o parcelamento das compras sem qualquer relação com cartão físico, emissor ou bandeira, o que deve baratear a operação devido aos juros menores aos praticados, hoje, no formato do Pix Parcelado.
Pix Parcelado é mais caro
O alerta é não confundir o Pix na operação de transferência tradicional, que é completamente gratuita, com a opção parcelada, que tem custos considerados altos.
“O consumidor não pode se iludir com a facilidade para tomar esse tipo de crédito. Por ser uma modalidade fácil e com menos burocracia, muitas pessoas podem cair em cilada”, afirma Juliana Inhasz, que leciona finanças e economia no Insper, em São Paulo.
“O modo parcelamento está enraizado na vida financeira do brasileiro, mas os juros geralmente não compensam. O risco é o consumidor começar a usar o Pix Parcelado como se fosse o Pix normal e somar dívidas e dívidas que não precisariam ser feitas”, diz Allan Inácio, professor de finanças da PUC-PR.
A dica é optar pelo desconto que muitos comércios oferecem pelo pagamento à vista via Pix tradicional do que optar pelo parcelamento.
Pix Parcelado ou cartão de crédito?
O Pix Parcelado ganha tração diante da popularidade e da adoção do Pix em larga escala, mas também por ser uma alternativa ao cartão de crédito, sobretudo, quando o volume de transações ultrapassa o de cartões no país.
O já mostrou que a chegada do Pix deve impactar o uso de maquininhas de cartão e a própria operação com os “plásticos” que são utilizados pelos brasileiros há décadas.
Os impactos do Pix nos cartões afetam diretamente as operações de débito. Já no caso do crédito, os impactos são mais parciais, considerando o fato de que, dificilmente, os consumidores com cartões black e platinum vão abrir mão das vantagens de milhas, salas vips, e outros benefícios, segundo João Bragança, diretor da consultoria financeira Roland Berger.
Pix Parcelado crédito pessoal
Fonte: InfoMoney