Nova DO será conhecida como Altos de Pinto Bandeira. Espumantes produzidos em Pinto Bandeira, na Serra do Rio Grande do Sul, conquistaram a primeira denominação de origem (DO) da bebida no Brasil. A obtenção do título junto à Revista da Propriedade Industrial levou cerca de uma década, desde o início do processo por parte da Associação dos Produtores de Vinho de Pinto Bandeira (Asprovinho).
As denominações de origem são comuns no universo dos vinhos e espumantes. O Champagne, da França, e a Franciacorta, da Itália, são algumas das mais conhecidas do mundo.
A nova DO passa a ser conhecida como Altos de Pinto Bandeira. O selo é reservado às vinícolas Aurora, Don Giovanni, Geisse e Valmarino, que precisam seguir regras rigorosas de controle, desde o cultivo das uvas até o engarrafamento.
Regras
Para receber o selo de DO Altos de Pinto Bandeira, o espumante precisa ser produzido com uvas chardonnay, pinot noir e riesling itálico. Além de cultivadas em uma área delimitada, elas precisam ser conduzidas pelo método de espaldeira.
As uvas têm maturação moderada e composição equilibrada entre acidez e açúcar. espumantes com DO somente podem ser elaborados pelo Método Tradicional (champenoise, segunda fermentação na garrafa) com tempo superior a 12 meses de guarda. Quanto ao açúcar residual estão autorizadas as classes Nature, Extra-Brut, Brut, Sec e Demi-Sec.
Os produtos devem cumprir diversos requisitos, entre eles: tempo mínimo superior a 12 meses para o período que vai da tirage (colocação do licor de tiragem) até o dégorgement (eliminação dos sedimentos de leveduras – líes, depositados no bico da garrafa); apresentar padrões físico-químicos específicos; e ter a tipicidade comprovada por degustação dos espumantes finos realizada às cegas.
Segundo a Asprovinho, após o protocolo, o produto passa por análises laboratoriais e sensoriais. Só então o rótulo recebe o selo.
Nova DO será conhecida como Altos de Pinto Bandeira – Projeto
Com 76,6% de sua área em Pinto Bandeira, a DO também contempla uvas plantadas em alguns pontos de Farroupilha e Bento Gonçalves. A altitude média da região é de 632 metros, com terrenos de relevo ondulado e montanhoso. As temperaturas amenas e a exposição solar da margem esquerda do Vale do Rio das Antas propiciam as técnicas de produção no local.
O projeto de estruturação da DO contou com a parceria de entidades como a Embrapa Uva e Vinho, a Universidade de Caxias do Sul (UCS), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além do Sebrae Nacional, do Sicredi Serrana e da prefeitura do município.
“O trabalho da Embrapa e parceiros foi decisivo para esta conquista, seja na definição do Caderno de Especificações Técnicas que contempla o conjunto de requisitos de produção que garantem a qualidade dentro da tradição da região, seja na delimitação da área de produção, na caracterização do meio físico, do sistema produtivo vitícola e enológico, bem como na caracterização analítica e sensorial dos espumantes, bem como de todos os estudos que possibilitaram este reconhecimento com base nas exigências da legislação do Brasil na matéria”, explica Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa.