Montadoras querem extinguir o IPI, mas governo diz que é improvável

Mesmo depois de um primeiro semestre em queda de 21,7% na produção e vendas de carros, redução de IPI está descartada
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Com a crise global gerada pela pandemia e agora pelos semicondutores, as montadoras pleiteiam mais apoio do governo federal

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) se reuniu com o Governo Federal, para pedir mais urgência na redução do IPI. De acordo com o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, a entidade defende a extinção deste imposto.

Para ele, com a reforma tributária, o IPI deve ser abolido. “Começamos a discutir com o ministro Paulo Guedes. Como o IPI não vai existir no futuro, por que não começar a reduzir?”

Para os fabricantes, a situação ficou mais complicada com a elevação da inflação, taxa de juros alta e corrosão do poder de compra do consumidor com salários estagnados, enquanto os preços sobem mensalmente, como um todo.

Após registrar uma queda de 21,7% nas vendas do primeiro semestre, montadoras buscam alternativas para a crise. Ainda assim, o governo pediu paciência às montadoras, especialmente em relação ao IPI reduzido.

Com a crise global gerada pela pandemia e agora pelos semicondutores, as montadoras pleiteiam mais apoio para importação de peças para montagem de carros elétricos. O Governo Federal, efetuou a redução do IPI em 35%, porém privilegiou apenas as vendas de picapes e comerciais leves. Todas as outras linhas ficaram de fora.

A Anfavea propõe a criação de um sistema similar ao adotado em mercados europeus, com taxa de aproximadamente 20% concentrados no IVA (Imposto sobre Valor Agregado), sem gerar resíduos em forma de créditos tributários.

A ideia, contudo, exige a unificação das tarifas nos estados, o que inclui o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).

Outra preocupação é a alta da taxa Selic, que encarece os financiamentos. O presidente da Anfavea diz ter medo de que o governo exagere na dose, inviabilizando a compra a crédito.

 

Guerra na Ucrânia agrava crise

Embora as relações comerciais entre as montadoras instaladas no Brasil e o mercado russo sejam restritas a poucos componentes, a Anfavea prevê reflexos locais, com o agravamento da crise dos semicondutores, que parecia estar mais perto de uma solução. Parte da matéria-prima desses equipamentos vem da Rússia e da Ucrânia.

Há ainda a alta no preço das commodities, com destaque para o petróleo, e os problemas de logística gerados pelas restrições de voos e problemas nos portos.

Guerra na Ucrânia impacta produção de carros, aviões e alimentos em todo o mundo

 

Fabricantes querem eliminar IPI

O corte do IPI foi discutido em uma reunião entre o ministro Paulo Guedes (Economia) e o novo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, nesta 3ª feira (3.mai). Na ocasião, Guedes e seus auxiliares concordaram em avaliar o pedido da associação.

Para os fabricantes, reduzir ou zerar o imposto de importação, ajudará a fomentar a tecnologia entre os consumidores, notadamente de carros elétricos. O governo defende um movimento de fabricantes para desviar produção da China para outras regiões, contudo, isso está sendo verificado apenas no Sudeste Asiático e Índia.

O desvio de produção para países considerados mais seguros que a China, dada à última guerra comercial entre os dois países, pode favorecer o Brasil na opinião do governo.

Fabricantes Governo Federal IPI