O Brasil tem quatro entre as 100 empresas produtoras de azeite de oliva mais reconhecidas do mundo, aponta o EVOO World Ranking. Todas estão no Rio Grande do Sul. A lista teve a última edição divulgada no final de 2022. Para a avaliação, são reunidos resultados de concursos do ano e somadas as premiações das empresas.
De acordo Renato Fernandes, presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (IBRAOLIVA), o RS concentra 75% da produção nacional. No restante do país há produção na região de Minas Gerais e São Paulo, na Serra da Mantiqueira, e nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Ele explica a produção de azeitonas é favorecida no estado já que a oliveira é uma cultura oriunda do Mediterrâneo, no paralelo 30 Norte, e encontra condições climáticas semelhantes no RS, no paralelo 30 Sul.
“Essas condições que existem nesse paralelo são semelhantes às condições do Mediterrâneo, em que nós temos um frio rigoroso no inverno e também uma época quente, como estamos agora, no mês de janeiro, nos meses de verão. A oliveira precisa, no inverno, de algo em torno de 300 horas de temperatura abaixo de 10 graus, isso nós temos aqui no RS, e precisamos de calor nessa época da colheita”, afirma.
Fernandes destaca que o reconhecimento é consequência da escolha pela produção do azeite de oliva extra virgem, que compreende acidez de 0,1 a 0,8. “Nós pautamos para um azeite de alta gama, um azeite de alta qualidade, e que gira em algo em torno de 0,1 e 0,2 de acidez.”
Atualmente, o RS tem cerca de 6 mil hectares de área plantada e, segundo o presidente da entidade, todas as produções são extra virgem. “São azeites que passam por análises fisioquímicas através do laboratório da Embrapa, de Pelotas, e são classificados como extra virgem.”
Apesar de ser uma cultura relativamente nova no país, Fernandes destaca que houve crescimento expressivo e que, nos últimos cinco anos, foram mais de 400 premiações.
“Nós temos uma comparação com vinho, que já está aí há mais de 150 anos, eles chegaram a algo próximo de 50 mil hectares, e nós, em menos de 20 anos, já obtivemos um crescimento exponencial. Começamos com 80 hectares no ano de 2002 e, hoje, 20 anos passados, estamos nesse número tão interessante que é de 6 mil hectares.”
A abertura da colheita de azeitonas foi no dia 9 de fevereiro, em Encruzilhada do Sul. Com a presença do governador Eduardo Leite; do secretário da Agricultura, Giovani Feltes; Marco Oreggia, italiano especialista em azeite de oliva; coordenador do programa Pró-Oliva da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Paulo Lipp e do presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes.
A colheita no Estado deve continuar até o dia 10 de maio e tem potencial para superar as expectativas oficiais, chegando até 550 toneladas.
Conheça as quatro empresas de azeite oliva
A Prosperato, com sede e viveiro de mudas em Barra do Ribeiro, e produção em Caçapava do Sul, conquistou a 22ª colocação no ranking mundial e, no Hemisfério Sul, a segunda colocação. De 2016 a 2020, a Prosperato alcançou a primeira colocação nacional, também pela avaliação da EVOO.
A empresa, especialista na produção de mudas em viveiro, iniciou o cultivo de oliveiras há dez anos. “O entendimento que sempre tivemos, desde o início da empresa, é que seria uma produção de menor volume, mas com o máximo de qualidade”, destaca o diretor Rafael Marchetti.
A maior parte dos plantios está na região da Campanha, em Caçapava do Sul e São Sepé, além de plantios na Região Metropolitana, em Barra do Ribeiro e Sentinela do Sul, com cerca de 220 hectares de área plantada. Em 2022, a empresa atingiu seu recorde de produção, com cerca de 70 mil litros da própria colheita. Ao todo, 11 tipos diferentes de azeite foram preparados.
Na sequência, o ranking apresenta na 59ª colocação a Estância das Oliveiras, de Viamão. A empresa familiar, fundada há 18 anos, tinha por objetivo inicial produzir azeites para consumo próprio. Segundo o sócio diretor Rafael Sittoni Goelzer, a primeira colheita ocorreu somente 11 anos depois.
“Por anos, estudamos os olivais, fazendo pesquisas de espécies, observando o distanciamento entre árvores e entendendo, de fato, como se planta oliveiras no Brasil”, complementa o sócio-diretor ao relatar que, das 35 espécies plantadas no início, apenas sete se adaptaram a região.
A primeira colheita rendeu 35kg, um número muito menor do que a colheita de 2022, que alcançou 42 toneladas de azeitonas, produzindo cerca de 4,2 mil litros de azeite. Para Goelzer a qualidade do produto está relacionada a diversos fatores, como a capacidade técnica de equipe, cuidado e manejo com as plantas, bem como a colheita manual, o uso de recursos naturais aliados a novas tecnologias.
“Um azeite espetacular chega a seis, sete notas de sabor. Nas avaliações internacionais, o nosso azeite chega a 13 em uma única garrafa. Então, além das características físicas e químicas, amplamente testadas, tem todo o fator gustativo, que são essas notas de sabor que ele consegue atingir e trazer uma experiência única para quem o consome”, conclui .
Ocupa o 65º lugar da lista a empresa Lagar H Agroindústria, de Cachoeira do Sul, que começou o plantio em 2014 e teve sua primeira safra em 2019. A empresa, administrada pela família Haas, atingiu uma safra recorde em 2022, com a colheita de 225 toneladas de azeitona em 60 hectares produtivos.
Para a diretora-geral da empresa, Glenda Haas, a correção do solo, tipo de plantio e colheita, escolha do maquinário de extração e investimento, além do conhecimento técnico da equipe, garantem a qualidade do produto e, consequentes premiações.
Para fechar a lista das empresas, está na 91ª colocação a Verde Louro Azeites, localizada em Canguçu. O cultivo de olivas no local teve início em 2010 e a primeira colheita ocorreu em 2016. Atualmente, a produção compreende pouco mais de 200 hectares, com 60 mil pés de oliveira plantados.
Em 2022, 168 toneladas de azeitona foram colhidas e 19 mil litros de azeite, distribuídos em sete variedades, foram produzidos. Conforme a proprietária Daiana Fuhrmann, a região torna-se favorável em virtude do clima subtropical, baixos níveis de chuva durante o ano, combinados com as propriedades especiais do solo.
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Fonte: G1 RS e RBS TV