O aumento de 8,87% no preço do diesel nas refinarias terá impacto direto no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e vai aumentar a inflação, mesmo após projeções.
A inflação de 8,04% projetada pela LCA Consultores para este ano ficaria em 8,06%. No entanto, um reajuste de quase 9% num combustível que é a base do transporte de carga da economia brasileira levará a outros aumentos. Nas contas da LCA, o reajuste deve elevar em 0,02 ponto porcentual o IPCA.
A LCA é uma consultoria com mais de 80 especialistas em Economia, que estabelece vínculos de longo prazo com clientes e atua nas áreas de Macroeconomia, Inteligência de Mercados, Economia do Direito, e Investimentos e Finanças Corporativas.
“Esse reajuste acaba espalhando as pressões inflacionárias para outros setores, e o efeito indireto é o mais perverso”, afirma o economista André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Em um ano, o diesel subiu 52,53%, e um reajuste de 8,87% na refinaria deve representar uma alta entre 4% e 5% sobre um aumento acumulado, já muito elevado. Isso só engrossa, segundo ele, a necessidade de correção de preços de vários serviços movidos a diesel.
Nessa lista de serviços, estão os transportes urbano e rodoviário, a movimentação das máquinas no campo para a produção agrícola e, especialmente, o custo do frete de carga.
O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, disse que a nova alta resultará em aumento de preços dos produtos no varejo. “O transporte está entrando em colapso, e quem sofre é a sociedade.”
Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, ressalta que as pressões inflacionárias que estão se acumulando nos preços dos alimentos e de transportes e podem provocar uma revisão da projeção da inflação deste ano, de 7,8% para algo chegando a 9%.
Pode faltar combustível
O novo reajuste do óleo diesel, de 8,87%, anunciado pela Petrobras para entrar em vigor hoje nas refinarias, não foi concedido apenas para que houvesse uma paridade do preço com a cotação internacional do petróleo.
A correção não zerou a defasagem, mas é necessária para que não falte combustível nos postos do país. E isso ocorre por uma deficiência do Brasil na área de refino de derivados de petróleo.
O Brasil é exportador de petróleo, mas, ao mesmo tempo, importa derivados, especialmente o óleo diesel. Cerca de 20% dos derivados consumidos no país vêm de foral. A situação é resultado de um conjunto de refinarias que não são suficientes para dar conta da demanda nacional, além da integração global das cadeias do setor.
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Fonte: Revista Exame