Ibovespa pode renovar máximas históricas com capital estrangeiro

Mercado brasileiro seguirá em alta devido ao investimento externo. Corte nos juros dos EUA está entre os motivos. “As oportunidades virão de empresas subvalorizadas.”
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Ibovespa pode renovar máximas históricas com capital estrangeiro – No dia 26 de dezembro, o ingresso de dinheiro gringo no mercado secundário da B3 somava quase R$ 45 bilhões. Investimento estrangeiro foi o principal motivo da disparada histórica do Ibovespa na reta final do ano, quando atingiu uma valorização de mais de 22%.

Cortes nos juros americanos executados pelo Federal reserve foi o principal motivo. Otávio Costa, gestor macro da Crescat Capital, entende que estamos em um momento de início do influxo de capital estrangeiro, não só para 2024, bem como pelos próximos anos.

“Os países emergentes, principalmente os com exposição a recursos naturais, devem ser os principais candidatos ao fluxo de recursos internacionais”, diz ele.

Costa nota, inclusive, um movimento de queda das moedas destes países, pela tendência de alta das commodities, em relação ao dólar.

No encerramento do ano passado, o dólar comercial terminou com baixa de 8% frente ao real, na maior queda anual, desde o tombo de 17,5%, visto em 2016.

A estrategista de ações da XP, Jennie Li, também avalia que o fluxo estrangeiro deve continuar, sustentando a alta da Bolsa. Conforme ela, o movimento estrangeiro vem sendo guiado pelo cenário macro global.

Jennie recorda que os meses de agosto, setembro e outubro do ano passado (veja mais abaixo) foram de saída de recursos da B3, exatamente pelo aumento do sentimento de aversão ao risco internacional.

“Na ocasião, havia preocupação com juros altos, por mais tempo nos EUA. A partir do momento que o cenário global deu uma melhorada, esse fluxo voltou”, diz ela, em referência às entradas de recursos gringos na B3, em novembro e em dezembro.

 

Máximas históricas no Ibovespa: mercado barato para estrangeiro  

Outro fator que pode contribuir para o desempenho da Bolsa, impulsionado pelo dinheiro estrangeiro, é o valuation do Ibovespa, em comparação aos índices americanos, por exemplo.

Mesmo com a alta de 2023, Jennie avalia que a Bolsa segue “barata” para o gringo. “A B3 ainda está descontada em relação à sua média histórica, na comparação aos mercados desenvolvidos e emergentes.”

Para Costa, há grande probabilidade do mercado brasileiro performar acima, sobretudo, das bolsas americanas, que estão “caras”, em sua avaliação.

“Por que investir em uma mega cap, como companhias de tecnologia, nos EUA, que já contam com crescimento limitado? As oportunidades vão vir de empresas subvalorizadas.”

Ele acrescenta que o custo de capital mais alto nos EUA “força” investidores a buscarem outras alternativas de geração de valor. Neste contexto, companhias brasileiras podem ganhar espaço.

O especialista cita que a Bolsa brasileira, de forma agregada, já representou cerca de 4% do mercado global de ações, em 2011, tendo recuado a 1%, nos últimos tempos.

“Acredito que voltaremos a ter essa relevância, com a Bolsa brasileira tendo um peso maior nos mercados internacionais.”

Costa ressalta que, no acumulado dos últimos dois anos, em dólares, essa mudança já vem acontecendo.

Ele cita que o ETF da Bolsa brasileira, EWZ, tem retorno 25% superior sobre o SPY, ETF que espelha o S&P 500.

 

Forcinha dowish

Uma “forcinha” adicional pode vir ainda do Federal Reserve. A mudança da comunicação do Fed, para um tom mais “dowish”, gerou uma disparada dos mercados, na reta final de 2023.

Assim como o Ibovespa está em sua máxima histórica, o mesmo acontece com o Dow Jones, enquanto o S&P 500 está muito próximo de atingir marca semelhante.

Costa acrescenta que esses patamares das bolsas americanas criam, ainda mais oportunidades, para os mercados emergentes, abundantes em recursos naturais.

Por fim, Jennie reforça que a manutenção do tom menos “duro” do Fed, em relação à inflação, deve manter o apetite ao risco, sendo o Brasil um dos destinos dos investidores.

 

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Fonte > Infomoney