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Andre Maya

Advogado e especialista em compliance

Integridade para além da prevenção à corrupção

Integridade para além da prevenção à corrupção

*Por André Maya

Integridade para além da prevenção à corrupção
Advogado André Maya é especialista em compliance

Tradicionalmente, programas de integridade e compliance foram associados à prevenção da corrupção. No Brasil, a Controladoria-Geral da União (CGU) criou o selo Pró-Ética com o objetivo de fomentar a adoção voluntária de programas de integridade pelas empresas brasileiras e reconhecer aquelas que demonstram compromisso efetivo com a ética, a transparência e a prevenção de irregularidades, com foco destacado para as políticas de prevenção à corrupção alinhadas com os objetivos da Lei 12.846/13.

A iniciativa foi bem recebida pelo setor privado, sendo reconhecida como uma chancela valiosa que, além de fortalecer a reputação institucional, sinaliza ao mercado, a investidores e ao poder público que a empresa adota boas práticas de governança e está comprometida com padrões elevados de conduta.

No entanto, a nova edição do edital do selo Pró-Ética 2025-2026 amplia esse conceito de forma significativa. Agora, as empresas que quiserem ser reconhecidas com o selo precisarão demonstrar seu compromisso não apenas com a ética nos negócios, mas também com o respeito aos direitos humanos, aos direitos trabalhistas, à igualdade de gênero, à prevenção de discriminação e preconceito e à responsabilidade socioambiental.

Isso significa que a avaliação do programa de integridade vai além do combate à corrupção: passa a englobar práticas empresariais responsáveis e sustentáveis. Temas como diversidade e inclusão, respeito aos trabalhadores e preservação do meio ambiente entram oficialmente no radar de exigências para as empresas que querem ser referência em integridade.

Dentro dessa nova abordagem, ganha destaque a avaliação de riscos ambientais como parte essencial da estratégia de integridade. Avaliar e gerenciar riscos ambientais permite às empresas otimizar o uso consciente de materiais potencialmente danosos ao meio ambiente e reduzir impactos em suas operações. Mais do que uma obrigação ética, essa prática se revela estratégica diante dos efeitos dos fenômenos climáticos extremos, como as recentes enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. A gestão responsável de riscos ambientais protege não apenas o meio ambiente, mas também a própria continuidade dos negócios.

Para empresários e diretores, o recado é claro: investir em compliance hoje é investir em uma cultura corporativa alinhada às expectativas da sociedade, do mercado e das novas realidades ambientais. Estar preparado para atender a essas exigências não é apenas uma questão de reputação – é uma necessidade estratégica.

Integridade para além da prevenção à corrupção