Arquitetura como Agente de Transformação Social

Como arquiteta, carrego comigo uma convicção que se fortalece a cada projeto: nossa profissão transcende a mera criação de edifícios esteticamente agradáveis e funcionalmente eficientes. Somos, intrinsecamente, agentes de transformação social, dotados da capacidade singular de moldar o ambiente em que vivemos e, por conseguinte, exercer uma influência profunda e duradoura na qualidade de vida das pessoas. A arquitetura, quando concebida com um propósito genuíno e uma sensibilidade aguçada, emerge como uma ferramenta poderosa e versátil para impulsionar a inclusão, promover a sustentabilidade e, de maneira abrangente, aprimorar o bem-estar em nossas comunidades.
A Responsabilidade Social do Arquiteto
Em um cenário global marcado por disparidades sociais gritantes, onde o acesso a moradias dignas, a sistemas de saneamento básico adequados e a espaços públicos de qualidade se configura como um privilégio reservado a uma minoria, nós, arquitetos, não podemos nos restringir a atender passivamente às demandas do mercado imobiliário ou aos anseios de uma clientela abastada.
É imperativo que assumamos a responsabilidade de contribuir ativamente para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa, empregando nosso conhecimento técnico e nossa inventividade para solucionar desafios sociais e ambientais prementes. Isso frequentemente implica em uma reavaliação do modelo tradicional de prática arquitetônica, buscando abordagens que priorizem o impacto social em detrimento da busca incessante pelo lucro imediato.
“Arquitetura deveria falar sobre sua época e lugar, mas ansiar por atemporalidade.” – Frank Gehry
Essa citação perspicaz nos recorda que a arquitetura não se limita ao presente, mas se projeta para o futuro que almejamos construir. Projetos que visam a transformação social devem, portanto, considerar as necessidades das gerações vindouras, fomentando a sustentabilidade, a resiliência e a capacidade de adaptação às mudanças climáticas.
Essa visão de longo prazo exige a incorporação de princípios de Life Cycle Assessment (LCA) em nossos projetos, permitindo uma avaliação abrangente do impacto ambiental de cada etapa do ciclo de vida de um edifício, desde a extração dos materiais brutos até a sua eventual demolição e descarte.
Na próxima coluna, apresentarei exemplos de projetos que transformaram a sociedade onde foram executados.
Arquitetura como Agente de Transformação Social (Pt 1.)