Varejo gaúcho aposta em meios próprios de pagamento – Oferecer serviços financeiros diretamente ao cliente final sem depender de instituições bancárias tem se tornado uma tendência. A prática facilita as transações e garante mais personalização à jornada de compra do cliente final. Algumas empresas, inclusive, já têm oferecido soluções de pagamento aos consumidores, misturando tecnologia com serviços financeiros.
A Vivo, por meio da Vivo Pay, recebeu autorização do Banco Central para atuar como fintech de crédito – anteriormente o serviço era chamado de Vivo Money e abarcava o serviço de empréstimo; já a Natura ganha mercado com o Emana Pay, utilizado para suprir as necessidades de soluções financeiras e de pagamento das consultoras do grupo. A rede Lojas Becker, que tem mais de 260 lojas espalhadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, também faz algo parecido, num movimento chamado de embedded finance, quando empresas não financeiras originalmente passam a oferecer serviços do tipo.
Uma estimativa da Deloitte, empresa de consultoria, auditoria e gestão, mostrou que até 2026 os serviços embutidos devem gerar receita de R$24 bilhões, com destaque para os setores de varejo, bens de consumo e outros serviços, que movimentam mais de 35% do PIB. Com cada vez mais empresas e varejo se transformando em fintechs nesse boom de oportunidades, plataformas de soluções de meios de pagamento podem funcionar como intermediadoras entre empresa e cliente ao oferecer uma estrutura completa para o serviço de embedded finance.
Esse é o caso da RPE – Retail Payment Ecosystem, que tem trabalhado para consolidar os serviços financeiros embutidos em outros segmentos fora do varejo tradicional, abrangendo diversos clientes que gostariam de diversificar a própria receita. Hoje, alguns dos clientes que já usufruem do serviço da empresa são o Grupo Pereira, varejista com atuação em cinco estados e no Distrito Federal; Lojas Torra, rede varejista de moda; e Avenida, assim como a rede de supermercados Fort Atacadista e a Rede Top Supermercados, em Santa Catarina, e a rede Lojas Becker.
Pedro Albuquerque, co-fundador e diretor de Novos Negócios da RPE, comenta que, no geral, algumas empresas não têm ideia de que também podem usufruir deste mercado. “Existe uma diferença entre embedar finanças em empresas que são do varejo e em empresas de outros segmentos, mas que também são varejistas. É mais fácil eu falar para um supermercado que ele pode oferecer um cartão para o seu cliente do que para uma loja de cosméticos, mas os dois podem e se beneficiam com isso”, analisa.
Segundo ele, o que falta para os outros setores é um pouco mais de maturidade para entender os benefícios de iniciar no embedded finance. O especialista cita o cartão de crédito como outra ferramenta importante de fidelização do cliente, que ajuda a entender o comportamento de compra dele e a entregar a melhor solução possível para o que ele precisa. “A compra com o cartão é mais uma informação que o varejista pode usar para saber como ele pode dar uma oferta mais direcionada ao que o consumidor precisa, utilizando uma inteligência de dados por trás. Se o varejista não tem o próprio cartão, ele não tem a informação, então ter o próprio serviço financeiro garante mais autonomia e é mais uma forma de dar rentabilidade ao negócio.”
Segundo ele, o primeiro passo que o varejista pode dar é entender o modelo de negócios e oferecer um cartão próprio. “A partir disso, mais tarde, ele pode oferecer uma jornada sem cartão físico, transacionando com biometria, por exemplo, e trazendo mais segurança e digitalização ao processo.”
Varejo gaúcho aposta em meios próprios de pagamento