PIB Surpreende, Agropecuária e Serviços puxam crescimento. De acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023 na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Assim, o PIB registrou R$ 2,6 trilhões em valores correntes.
Frente ao 1º trimestre de 2022, o PIB brasileiro apresentou aumento de 4% e no acumulado em 4 trimestres o PIB registrou alta de 3,3%, acelerando em relação aos 2,9% registrados no fim de 2022.
Na comparação com trimestre anterior, o aumento refletiu o crescimento de 21,6% da Agropecuária e de 0,6% nos Serviços. Já a Indústria apresentou leve queda de 0,1% no trimestre.
Pelo lado da demanda, o Consumo das Famílias cresceu 0,2% e o Consumo do Governo 0,3%. A Formação Bruta de Capital Fixo registrou queda de 3,4%. No setor externo, variação de -0,4% nas Exportações e de -7,1% nas Importações.
Na comparação com o mesmo período de 2022, sob a ótica da produção, a alta de 2,9% dos Serviços foi disseminada dentre os segmentos captados pela pesquisa, com destaque para o crescimento de Serviços Financeiros (4,6%) e Transporte, Armazenagem e Correio (5,1%), consequências de uma atividade agropecuária mais forte.
Comércio
O Comércio apresentou crescimento de 1,6%. Na Agropecuária houve aumento de 18,8%, com destaque para o bom desempenho na produção de culturas que são relevantes para o primeiro trimestre, caso da soja que teve aumento de produtividade e da produção, crescendo 24,7%.
Devido a problemas climáticos em 2022, a alta expressiva da agropecuária deve-se a uma base de comparação mais fraca somado as safras recordes de 2023. Na Indústria, o aumento de 1,9% refletiu as altas da Indústria Extrativa (7,7%) de Eletricidade e Gás, Água, Esgoto, Atividades de Gestão de Resíduos (6,4%) e da Construção Civil (1,5%). A Indústria de Transformação, por sua vez, registrou queda de 0,9%
Ainda nessa base de comparação, pela ótica da demanda, o Consumo das Famílias teve alta de 3,5%, enquanto o Consumo do Governo variou 1,2%. A Formação Bruta de Capital Fixo (que mede a parcela de produto utilizada para realizar investimentos) avançou 0,8%.
Exportações interferem no PIB, agropecuária e serviços
No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram alta de 7,0%, enquanto as Importações de Bens e Serviços aumentaram 2,2% no primeiro trimestre de 2022.
Após uma queda de 0,1% no último trimestre do ano anterior, os dados surpreenderam positivamente e vieram acima das projeções de mercado, que esperavam um crescimento de 1,3% ante o trimestre imediatamente anterior. Os resultados podem ser explicados pelos bons números da Agropecuária e dos Serviços, que correspondem a quase 8% e 70% do produto, respectivamente.
O Consumo das Famílias apresentou leve desaceleração se comparado ao mesmo resultado do trimestre anterior – no quarto trimestre de 2022, a expansão havia sido de 0,4%. O mercado de trabalho resiliente, o aumento de transferências governamentais e a queda paulatina da inflação contribuem para manter o consumo em expansão, apesar do aperto monetário e da situação de alto endividamento das famílias.
O destaque negativo nessa divulgação ficou para os investimentos, que recuaram 3,4% em comparação com o trimestre imediatamente anterior.
O setor externo, importante para a economia brasileira e para a economia gaúcha, teve recuo na margem de -0,42%, o que sinaliza uma dinâmica de menor crescimento da economia mundial em 2023 que podem ser entraves para o crescimento brasileiro ao longo do ano.
Menos importações
O encolhimento de 7,1% das Importações sinaliza que a dinâmica doméstica, somado ao crescimento de 0,2% , está mais fraca.
Juros mais altos em economias desenvolvidas e a persistência de inflação nesses países, podem contribuir para a desaceleração do PIB nos próximos trimestres. Além disso, um crescimento chinês mais moderado impacta nossas exportações, sobretudo aos setores ligados à Agropecuária que puxaram o crescimento no primeiro trimestre de 2023.
Projeções mais otimistas vislumbram uma economia brasileira crescendo entre 1,8% a 2,2% em 2023. Tais projeções foram reforçadas por este último resultado, uma vez que o carrego estatístico contribui para os trimestres subsequentes e a contribuição do primeiro trimestre será de 2,4%.
Isto significa dizer que, se o PIB não crescer nada nos próximos trimestres, o crescimento de 2023 será de 2,4%. Todavia, é importante lembrar que, ao longo do ano conviveremos com uma taxa de juros elevada e a política monetária atingirá seu efeito completamente, desconsiderando os efeitos de defasagens em mecanismos de transmissão que ainda foram sentidos ao longo do primeiro trimestre de 2023.
Para o Comércio, os bons resultados nas divulgações de alta frequência (PMC) e na participação do PIB devem ter limites pelos pontos aqui destacados. Para a economia do Rio Grande do Sul, deverão demonstrar certo descolamento com a dinâmica nacional, tendo em vista que o desempenho da Agropecuária gaúcha foi afetado, mais uma vez, pela estiagem dos primeiros meses do ano.
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