‘Quem manda melhor faz’: a vontade de empreender carrego desde muito cedo. Quando estava na 8ª série, minha escola pública ficava a 2,6 km distantes de casa. Eu trabalhava de manhã na borracharia do meu pai e de tarde ia para aula. Um belo dia bati um ‘papo cabeça’ com a minha mãe. “Vou parar de estudar, me formar na ‘oitava’ e chega. Quero trabalhar com meu pai o dia inteiro, para ganhar mais grana.”
Minha mãe tomada de orgulho me disse: “Meu filho, isso é muito lindo. Agora bota a mochila nas costas, pega tua bike e vai estudar. Agora!”
Este posicionamento de minha mãe causou impacto que se reflete ainda hoje. Tentei argumentar, mas ela arrebatou com uma frase que meu pai dizia. “Quem manda melhor faz”. Contudo, fiquei confuso, pois toda vez que meu pai empregava este termo, era porque estava contrariado por alguém não ter feito algo que ele disse para fazer: ‘Tá vendo? Quem manda melhor faz!’
No caso da minha mãe, acredito que naquele tempo ela quis dizer para eu estudar se quisesse compreender melhor minha própria decisão de empreender. Ela estava certa, meu pai também, porque ambas colocações serviam para as situações.
Corporativismo: manda melhor quem sabe o que faz
No mundo corporativo, há muitas versões desta situação. Uma delas é quem manda tem que fazer e não esperar pelo outro. Isto se encaixa muito para quem está começando do zero. Tem que trabalhar muito até chegar o tempo de coordenar.
No entanto, há aqueles que geralmente mandam e não sabem nem fazer. Porque simplesmente mandar não significa coordenar. Os colaboradores precisam saber a função que lhes compete. Por outro lado, tem aqueles funcionários-empreendedores dentro das empresas que não esperam alguém dizer o que tem que ser feito. Tampouco mandam alguém fazer no seu lugar. Estes profissionais se destacam em sua área de atuação corporativa.
Afinal, hoje, dez anos distantes da última contratação pela CLT, penso que quem está no cargo de dirigente, tem que fazer acontecer. Mais imprescindível ainda é saber delegar com maestria. Quem apenas manda, não constrói na equipe a inspiração do saber. Aquele que sabe hoje coordenar, passou, ou deveria passar, pelos caminhos do fazer.