Powel sinaliza postura hawkish para frear escalada de preços, e prevê taxa de juros a 0,75%

A crise econômica e energética em potências globais e o temor de recessão nos Estados Unidos dominaram o Simpósio de Política Econômica de Jackson Hole.
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O presidente do Federal Reserve, Jerome Powel, sinalizou, em Jackson Hole, o  prolongamento das altas de juros para frear a escalada de preços. A manutenção prevista para mais uma alta de 0,75% desapontou mercado que esperava alta de 0,50%, em setembro e outra de 0,25%.

A postura hawkish, de aperto monetário com ciclos de alta de juros, ficou impressa no discurso de Powel. “Sem a estabilidade de preços, a economia não funciona para ninguém. Em particular não alcançaremos um período sustentado de fortes condições do mercado de trabalho que beneficiem a todos.”

O presidente do Federal Reserve admitiu ainda que restaurar a estabilidade de preços nos EUA levará algum tempo e demandará o uso de ferramentas com força para equilibrar a demanda e a oferta — mantendo a porta aberta para uma nova alta de juro de 0,75 ponto percentual (pp).

“Estamos mudando a postura da nossa política propositalmente para um nível que será suficientemente restritivo para retornar a inflação a 2%”, disse o líder do BC americano.

No Jackson Hole, Powel afirma que resultados de julho não dão confiança para juros menores

O cenário pintado por Powell não é exatamente uma novidade. No entanto, o mercado tinha a esperança de que, com dados recentes de inflação, o banco central norte-americano poderia tirar o pé do acelerador do aperto monetário.

O presidente do Fed deu boas-vindas às leituras mais baixas de inflação de julho, mas lembrou que a melhora em um único mês não dá a confiança que a autoridade monetária precisa para reduzir o ritmo de elevação do juro.

“A inflação está bem acima da meta de 2%, e a alta inflação continuou a se espalhar pela economia. Embora as leituras de inflação mais baixas para julho sejam bem-vindas, a melhora de um único mês fica muito aquém do que o Comitê precisará ver antes de estarmos confiantes de que a inflação está desacelerando”, disse.

Em 2021, nos primeiros sinais da inflação, Powell manteve uma posição contrária a alta de juros devido às chances de prejudicar a recuperação do emprego no país, que à época estava consideravelmente distante do pleno emprego, na visão dele.

Um ano depois, a inflação disparou, em parte piorada pela guerra na Ucrânia, e o Fed precisou iniciar um novo ciclo de alta de juros a partir de março. Desde então, os juros subiram do intervalo de 0% a 0,25% ao ano para 2,25% a 2,5%, com o mercado ainda esperando novas elevações até 2023.

Powel no Jackon Hole, um norteador para investidores

Com mais de 40 anos de história, o simpósio de Jackson Hole se tornou uma tradição na agenda do banco central dos Estados Unidos. O título do simpósio deste ano foi “Reavaliando as restrições à economia e à política”.

A política monetária americana interfere nos movimentos dos juros no Brasil. Se os juros subirem mais do que o esperado nos Estados Unidos, é esperado que os retornos dos títulos públicos do país (treasuries) também avancem.

Uma subida dos juros lá nos Estados Unidos deve proporcionar um avanço do dólar em relação ao real e uma elevação das taxas no Brasil.

 

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