Citi vê preço do petróleo a R$ 65 o barril em rota de recessão. Em um ambiente de grande incerteza geopolítica e de pessimismo sobre os rumos da economia mundial, os cenários para o petróleo são cada vez mais extremos.
Citi é o banco internacional mais globalizado do mundo. Atua há 200 anos e no Brasil, desde 1915, oferecendo uma ampla gama de serviços bancários para clientes corporativos, institucionais e de altíssimo patrimônio.
Os preços do petróleo operam em forte queda nesta terça-feira (5), com as preocupações de que uma possível recessão global reduza a demanda, superando os temores de interrupção da oferta, acentuados por um corte de produção na Noruega.
Após o JPMorgan projetar forte alta da commodity em um cenário de corte de produção russa, o Citi apontou uma perspectiva baixista em uma perspectiva de recessão global.
Para o Citi, o petróleo bruto pode cair para US$ 65 o barril até o final deste ano e ir para US$ 45 até o final de 2023 se ocorrer uma recessão que prejudique a demanda.
Essa perspectiva é baseada na ausência de qualquer intervenção dos produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep +) e um declínio nos investimentos em petróleo, apontaram analistas como Francesco Martoccia e Ed Morse em relatório nesta terça-feira (5). O brent fechou a sessão da véspera a US$ 113,50 o barril.
A perspectiva do Citi comparou o atual mercado de commodity com as crises da década de 1970. No cenário base, porém, os economistas do banco não esperam que os EUA mergulhem em recessão.
“Para o petróleo, as evidências históricas sugerem que a demanda por petróleo fica negativa apenas nas piores recessões globais”, apontaram. “Mas os preços do petróleo caem em todas as recessões para aproximadamente a cotação que equivale a seu custo marginal.” Este cenário leva em conta um aumento do desemprego, falência de empresas e endividamento das famílias, o que deve afetar a demanda e, consequentemente, as margens do setor.
Cabe destacar que, em relatório recente, o JPMorgan fez uma projeção bastante altista sobre os preços do petróleo. Para os analistas do banco, a cotação pode subir para “estratosféricos” US$ 380 o barril no “cenário mais extremo” da Rússia reduzira produção de petróleo em 5 milhões de barris por dia (bpd) em retaliação a um teto de preço considerado pelo Grupo dos Sete.
Na semana passada, o Grupo das Sete potências econômicas (G7) concordou em analisar impor uma proibição ao transporte de petróleo russo vendido acima de um determinado preço.
O Credit Suisse ressalta que as preocupações com a produção da Opep, além das interrupções no fornecimento da Líbia, da Noruega e da Rússia, continuam a manter os preços do petróleo elevados, apesar dos temores inflacionários e de recessão. A Opep descumpriu a sua meta de produção de junho com a produção da Líbia em baixa. Contudo, destaca em nota, os investidores têm, progressivamente, reduzido a sua exposição altista aos contratos de petróleo.
Citi antecipa preço do petróleo cair em recessão
Por volta das 12h50 (horário de Brasília) desta terça-feira, o contrato futuro do brent para setembro tinha queda de 9,77%, a US$ 102,47 o barril, com os temores de recessão voltando a abalar o mercado.
“O petróleo ainda está lutando para sair de seu atual mal-estar recessivo, à medida que o mercado muda a sua preocupação com a inflação para o desespero econômico”, disse Stephen Innes, da SPI Asset Management, em nota.
Dados divulgados mais cedo ajudaram a aumentar a cautela com a economia global. O crescimento dos negócios na zona do euro desacelerou ainda mais no mês passado, com indicadores prospectivos sugerindo que a região pode entrar em declínio neste trimestre, já que a crise do custo de vida mantém os consumidores cautelosos.
No entanto, as preocupações com a oferta ainda pairavam. No início da sessão, o WTI subiu mais de US$ 3 e o Brent mais de US$ 1 com relatos de interrupção da produção na Noruega. Trabalhadores offshore noruegueses iniciaram uma greve que reduzirá a produção de petróleo e gás, disse à Reuters o sindicato que lidera a ação.
Enquanto isso, a Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, elevou os preços do petróleo bruto em agosto para os compradores asiáticos para níveis quase recorde em meio à oferta apertada e demanda robusta.
Fonte: Infomoney