Troca de ministro da Petrobras registra forte alta nas ações da PETR4 e PETR3

Saída de Bento Albuquerque foi vista como tentativa de se afastar eleitoralmente da alta dos combustíveis
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Saída do Ministro Bento Albuquerque não mudou efetivamente os preços

O reajuste do preço do diesel em 8,87% nas refinarias elevou a temperatura política a cerca da Petrobras e as ações tiveram um dia de disparada, com PETR3 em alta de 5,04%, a R$ 36,44, enquanto PETR4 fechou em alta de 3,48%, a R$ 33,57.

Com isso, provou de certa forma que tais mudanças possam ser mais uma estratégia política do que de fato algo que alterará as políticas em curso da Petrobras. A estatal também reagiu ao avanço do preço do barril do petróleo brent no mercado internacional, com o contrato para julho fechando em alta de 4,93%, para além de US$ 107 o barril.

Surpreendendo o mercado, na manhã desta quarta, o presidente Jair Bolsonaro exonerou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e nomeou em seu lugar o chefe da assessoria especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. Ainda que não estivessem claros os motivos para a saída, as especulações sobre a troca dominaram o mercado durante o começo do dia.

A exoneração foi considerada por analistas uma resposta à nova alta nos combustíveis sendo que, já na semana passada, antes mesmo da elevação dos preços do combustível, Bolsonaro fez fortes críticas ao lucro da Petrobras, citando inclusive o agora ex-ministro.

“Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, [novo CEO] da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm. Vocês não podem quebrar o Brasil. É um apelo agora: Petrobras, não quebre o Brasil, não aumente o preço do petróleo. Eu não posso intervir. Vocês têm lucro, têm gordura e têm o papel social da Petrobras definido na Constituição”, disse na quinta-feira da semana passada. Pouco depois, na noite de quinta-feira, a estatal divulgou resultado do primeiro trimestre de 2022 (1T22), com um lucro de R$ 44,561 bilhões, 3.718% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Contudo, para Sidney Lima analista da Top Gain, depois do aumento do diesel e apesar da mudança política não ser esperada, ela não fez preço nas ações da Petrobras. As ações tem se mantido mais alinhada à forte alta do petróleo no mercado internacional, ocasionada por instabilidade no conflito Rússia x Ucrânia e perspectiva de retomada de atividade por parte da China com boas notícias sobre redução dos casos de Covid em regiões do país, que é o maior consumidor da commodity.

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Além disso, a Levante Ideias de Investimentos apontou que a troca de ministro foi vista como a demonstração de mais um “sacrifício” do presidente, já que o almirante era homem de confiança do Planalto – sendo uma tentativa, por parte do Executivo, de se distanciar, eleitoralmente, das altas dos preços.

“Isto é, na impossibilidade de alterar a atual política, sob pena de forte reação negativa dos mercados e agentes econômicos, Bolsonaro dá a entender, com a demissão, que está insatisfeito – e tomou a decisão que está a seu alcance – com o trabalho do Ministério de Minas e Energia (MME)”, aponta a equipe de análise da casa de research.

Já Adolfo Sachsida, que assume a pasta, destaca a Levante, é um dos assessores mais leais de Bolsonaro e fez parte da campanha presidencial, em 2018, antes mesmo do ministro da Economia, Paulo Guedes, entrar para o time. O secretário é fortemente liberal e extremamente alinhado à equipe econômica.

Assim, avalia a Levante, a tendência é que o novo ministro se envolva no debate sobre como apaziguar os impactos da alta dos combustíveis.

Os analistas apontam que Sachsida é menos simpático do que Albuquerque quando as alternativas dizem respeito à compensação de preços ou subsídios diretos, mas pretende propor outras soluções – como o aumento da importação de biodiesel e etanol, diminuição da mistura de tais produtos no diesel e até mesmo a distribuição de um “voucher” para os caminhoneiros, maiores afetados com o último aumento.

“A troca no Ministério é, fundamentalmente, fruto de estratégia política. O presidente e seus interlocutores continuam preocupados com as consequências dos aumentos em sua popularidade, mas não trabalham com a possibilidade de alterar a política de preços da companhia”, avaliam.

O exemplo concreto disso é a nomeação de Sachsida, que, ao passo que pode vir a cumprir de maneira mais direta algumas exigências do presidente, é terminantemente contrário à mudanças que possam descaracterizar o atual mecanismo, avaliam os analistas.

“Com relação aos próximos passos visando combater o efeito inflacionário dos aumentos, espera-se maior protagonismo do MME e resoluções sendo implementadas em breve – sendo improvável, entretanto, qualquer medida que tenha grandes impactos negativos nos mercados (a exemplo do fundo de compensação)”, concluem.

Já em nota, a assessoria do ministério negou que Albuquerque tenha sido demitido. Segundo a publicação, a decisão do agora ex-ministro de deixar o cargo foi de caráter pessoal e tomada de forma consensual em reunião entre ele e Bolsonaro. Em nota divulgada nesta quarta-feira, o ex-ministro ainda agradeceu e disse que se orgulha de ter participado do governo Bolsonaro “que continua a contar com a sua lealdade, respeito e amizade”.

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Fonte: InfoMoney

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