Copom eleva juros básicos da economia para 10,75% ao ano – O Banco Central (BC) elevou os juros pela primeira vez em mais de dois anos. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. A decisão era esperada pelo mercado financeiro, mas sofre críticas do setor produtivo.
Em comunicado, o Copom afirma que a alta dos juros foi necessária devido a resiliência na atividade econômica, que continua crescendo, e pressões no mercado de trabalho – o Brasil alcançou a menor taxa de desemprego dos últimos dez anos, em 6,8%. Segundo o Copom, o cenário provoca um hiato do produto positivo, quando a economia caminha para consumir mais que a capacidade de produção, o que eleva a inflação.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, ficou negativo em 0,02%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda no preço da energia puxou o índice para baixo. Porém, o alívio nas contas de energia é temporário.
As tarifas de luz subirão a partir de setembro por causa da bandeira tarifária vermelha. Também há expectativa quanto ao impacto da seca prolongada no preço dos alimentos. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 4%. O próximo relatório será divulgado no fim de setembro.
Crédito mais caro
A taxa básica de juros elevada ajuda a conter a inflação por encarecer o crédito, o que desestimula a produção e o consumo. Taxas mais altas tem como consequência um menor crescimento econômico. Com o aumento da Selic, o Brasil alcançou o 2ª maior juro real do mundo, atrás apenas da Rússia. Os juros reais são calculados a parti da diferença entre a taxa de juros e inflação, sendo ainda mais importante para o desempenho da economia.
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban afirma que os cenários econômicos, atual e prospectivo, principalmente de inflação, mostram que um aumento da Selic é equivocado e um excesso de conservadorismo da autoridade monetária, com consequências negativas e desnecessárias para a atividade econômica. “Coloca o Brasil na contramão do que o mundo está fazendo nesse momento, que é a redução das taxas de juros.”
Na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) promoveu um segundo corte de juros, de 0,25 p.p., reduzindo a taxa para 3,5% a.a. Nos EUA, a quarta-feira foi marcada pelo primeiro corte nas taxas de juros em quatro anos. Com queda de 0,5%, o índice varia de de 4,75% a 5,00%.
Copom eleva juros básicos da economia para 10,75% ao ano