Na Federasul, empresários clamam por ações urgentes

Durante a tradicional reunião-almoço Tá na Mesa, promovida pela Federasul, lideres empresariais compartilharam angústias diante da lenta recuperação do Estado.
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Tá na Mesa na Federasul

Na Federasul, empresários clamam por ações urgentes – Durante a tradicional reunião-almoço Tá na Mesa, promovida pela Federasul, lideres empresariais compartilharam angústias diante da lenta recuperação do Estado. Passados 100 dias das enchentes, os representantes diferentes setores econômicos do Rio Grande do Sul se reuniram para discutir a falta de recursos e medidas eficazes.

Os convidados representaram segmentos duramente afetados, como distribuição, alimentação e agronegócio. O evento teve falas do sócio e diretor da distribuidora Top 3, Carlos Pereira, do sócio do 360 Gastro Bar, Edemir Simonetti e do presidente do conselho de administração da Dália Alimentos, Gilberto Piccinini. Também se manifestaram o produtor rural Lourenço Caneppele e o presidente do conselho de administração da Conservas Oderich, Marcos Odorico Oderich.

Na abertura do evento, o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, reforçou a urgência de ações concretas por parte do governo federal. Segundo ele, os recursos não chegam em quantidade suficiente. O presidente convocou todos os presentes para um protesto pacífico, na sexta-feira, às 10h, com faixas pretas alusivas ao luto por “100 dias sem auxílios”. “Precisamos fazer isso pelo futuro do nosso estado.”

Expectativas e incertezas

Na Federasul, o sócio e diretor da distribuidora Top 3, Carlos Pereira, abriu as falas destacando a falta de apoio que os empresários têm enfrentado. Para ele, há uma espera crescente de que o poder público cumpra as promessas feitas no calor da tragédia. Também afirmou que há funcionários indo embora do município e do estado visando melhores oportunidades. A cidade da Top 3, Eldorado do Sul, foi uma das mais afetadas pelas enchentes.

Sócio do 360 Gastro Bar Edemir Simonetti, falou sobre a situação desesperadora do setor de gastronomia. Com a empresa parada e sem faturar por 50 dias, ressaltou o esforço de manter 20 trabalhadores em atividade. Ainda defendeu a necessidade de mais linhas de crédito com juros a fundo perdido, que seriam essenciais para a recuperação do setor.

Segundo Simonetti, feiras como a Expointer vão dar um novo fôlego para o setor de gastronomia e hotelaria da região, mas ainda não são o bastante e o acesso ao crédito é burocrático. “Me parece uma dificuldade muito grande, mas é simples. Confiram o CNPJ, o faturamento e pronto. Libera crédito para esse pessoal trabalhar.”

 

Setor produtivo 

O presidente do conselho de administração da Dália Alimentos, Gilberto Piccinini, descreveu o desafio enfrentado pela indústria alimentícia desde a crise da proteína. Os problemas foram agravados pela elevação no preço das commodities devido à guerra entre Ucrânia e Rússia, e ainda o rescaldo da pandemia.

“Foram quatro enchentes e o Vale do Taquari sempre é afetado. Resiliência em manter a empresa viva tem sido a nossa maior batalha”, afirma. Piccinini relata que a empresa ficou 18 dias sem eletricidade, o que impactou profundamente a produção. O abate de frango foi reduzido pela metade, e o de suínos, em 70%.

O produtor rural Lourenço Caneppele, da área da agropecuária, destacou a perda total da capacidade produtiva de sua propriedade e a destruição das estruturas acumuladas por gerações. “Perdemos toda a produção. Galpão de suínos, grãos e gado. Não tenho mais nenhuma fonte de renda.”

O presidente do conselho de administração da Conservas Oderich, Marcos Odorico Oderich, abordou o impacto emocional e a dificuldade de manter os trabalhadores em suas funções. “Os bons funcionários estão sendo atraídos por outras regiões. É um desafio retomar a produção.”